CFCs não devem cumprir prazo para instalação de simuladores, diz Detran.

Limite imposto pelo Contran para a implantação do equipamento se encerra no final de junho.

A menos de um mês de vencer o prazo estipulado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para que todos os Centros de Formação de Condutores (CFC) ofereçam aula em simuladores de direção, o próprio Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) ainda não se sente em condições de cobrar dos CFCs a implantação do equipamento. 

De acordo com o órgão, seriam necessários pelo menos mais seis meses para cumprir a determinação. Em nota publicada ontem, o Contran sinalizou que deve prorrogar o prazo, uma vez que a implantação do simulador "deve respeitar critérios de razoabilidade, considerando a realidade dos CFCs". O tema estará na pauta da próxima reunião do Contran, a ser realizada ainda neste mês. 

Jonas Bays é coordenador do processo de Habilitação do Detran e explica que, com o prazo se encerrando no final de junho, pelo menos dois itens da resolução precisam ser melhor definidos pelo autoridade nacional de trânsito. O primeiro diz respeito à escassez de oferta, já que apenas uma empresa é credenciada para fornecer o simulador. E, o segundo é a falta de previsão para a adaptação de motoristas com necessidades especiais. A exigência de câmeras de vídeo na sala do simulador para monitorar a execução da aula tem dificultado a implantação.

— A exigência é de que todas as aulas sejam transmitidas para o sistema do Detran e o nosso setor de Tecnologia da Informação está pensando em uma forma de tornar isto viável. Ainda não encontramos — comenta Bays.

Estão previstas cinco aulas de 30 minutos com o equipamento, que promete criar situações reais de momentos críticos no trânsito em um cenário virtual. A nova adequação deve resultar no aumento do valor da habilitação.

— Colocaremos mais uma etapa no processo de formação, que exige equipamento e instrutor. Já há um processo tramitando no Detran para analisar impactos financeiros e estruturais e só então podermos dizer de quanto será — diz Sibele Batezin, chefe da Divisão de Habilitação do Detran.

Ela ressalta que a atividade contemplará apenas os candidatos à categoria B (habilitação para conduzir automóveis), que teve o índice de aprovação de 39,5% no Estado entre janeiro e abril de 2013.

— Mas não vejo como a salvação da lavoura, apenas como mais um recurso pedagógico — completa Sibele.

O consultor técnico do Sindicato dos Centros de Habilitação de Condutores e Auto e Moto Escolas do Estado (SindiCFC), Eduardo Cortez Balreira, afirma que, por enquanto, nenhum CFC do Rio Grande do Sul comprou o aparelho.

A Federação Nacional das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (Feneauto) solicitou, por meio de um ofício, a prorrogação do prazo de implantação do curso. Em um manifesto, a entidade afirmou que não aceitará "a imposição de um novo equipamento ou exigência que possa atender apenas a interesses comerciais". 

O Ministério das Cidades informou que uma segunda empresa estaria em processo de homologação junto ao Denatran. De acordo com o presidente da Feneauto, Magnelson Carlos de Souza, outras duas empresas, entre elas uma de Santa Maria, estariam prestes a ser homologadas.


PONTOS

Simulador de direção de quatro rodas

De onde surgiu a ideia?

Em 2008, por causa do elevado número de mortes nas estradas, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) pediu a realização de estudos para reduzir os índices. Uma das ideias foi o desenvolvimento de um modelo brasileiro de simulador veicular, previsto no Código de Trânsito Brasileiro. A partir de 2010, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) avaliou modelos no exterior para chegar a protótipos que foram desenvolvidos pela Fundação CERTI.

Como deve funcionar?

Deve ter caráter complementar, não substituindo as aulas práticas. Estão previstas cinco sessões de 30 minutos.

Quais as vantagens?

O aluno é exposto a situações de risco, virtualmente, como pedestres ou carros cruzando a sua frente de forma súbita. O uso do simulador é também uma ferramenta para pessoas traumatizadas, que podem treinar em um ambiente virtual antes de sair novamente às ruas. O exercício promete sensibilizar sobre os grandes riscos que vai sofrer se não tomarem cuidado na estrada. Estudos feitos no "National Center Injury", instituto do Governo Americano, comprovaram que o seu uso pode reduzir em até 50% o número de acidentes nos 24 primeiros meses após a retirada da habilitação.

A quem ele é destinado?

Pretendentes à obtenção da permissão para dirigir na categoria "B".

Quanto custaria ao CFC?

De acordo com a única empresa homologada, a Prosimulador, o CFC não paga pelo produto, apenas pelas quantidades de aulas dadas. No valor seria incluído o empréstimo do produto, a garantia, assistência técnica e treinamento para instrutores. Também haveria a possibilidade de adaptação para portadores de necessidades especiais.

Vai ter impacto no valor da carteira?

Detran e sindicatos afirmam que sim, sem dizer de quanto será. O Ministério das Cidades, contudo, nega.

Fonte: Manuel Steidle, diretor do Centro de Mecatrônica da Fundação CERTI da Universidade Federal de Santa Catarina e Ministério das Cidades, SindiCFC.

Por Kamila Almeida

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