A deficiência na educação para o trânsito de jovens no Brasil.
De acordo com Eduardo Biavati, mestre em sociologia (UnB), escritor e especialista em educação e segurança no trânsito, é um padrão mundial de que as mortes no trânsito, mas não só mortes, mas também o volume de feridos se concentra na faixa etária a partir dos 15 anos de idade até os 35 anos aproximadamente. “Esse grupo etário de adolescentes e adultos jovens estão mais expostos. É natural que esse público, se comparado com grupos mais ou mais novo estejam em circulação”.
Do conjunto de adolescentes na pesquisa do IBGE, 16,1% relatou não ter usado cinto de segurança, nas ocasiões em que se encontravam em veículo motorizado dirigido por outra pessoa. Observou-se que 17,5% das meninas e 14,6% dos meninos não usaram cinto de segurança nos 30 dias anteriores à pesquisa. Além disso, a direção de veículo motorizado nos 30 dias que antecederam a pesquisa foi declarada por 27,1% do total de escolares.
Existe uma urgência, que é impossível escondê-la que é a urgência de conscientização desse público jovem hoje, diz o especialista.
O papel das autoescolas na formação de motoristas
Existe uma discussão sobre a responsabilidade das autoescolas em não só ensinar novos motoristas a dirigir, mas também despertar neles o respeito e a educação para o trânsito. Segundo Biavati, o papel dos CF’s teve uma ampliação e uma incorporação de muitos temas. A antiga habilitação nas antigas autoescolas era estritamente um aprendizado de placas de trânsito para fazer a prova e aprender a passar a marcha e frear o carro. Em outras palavras, o papel da autoescola era meramente técnica.
Atualmente, o papel do CFC sofreu uma ampliação e um aperfeiçoamento muito importante. Exige-se muito mais do que uma autoescola consegue ensinar. “Não há tempo suficiente nem espaço suficiente para abordar e transformar o curso de primeira habilitação em uma reflexão sobre a segurança, sobre a vida. E essa é uma expectativa que não se cumpre e não é por que os CFC’s são fracos ou irresponsáveis”, argumenta o especialista.
Educação para o trânsito
De maneira geral, a educação para o trânsito no Brasil elege como prioridade os alunos do ensino fundamental e estaciona justo no início da adolescência. “O problema é que esse investimento precoce ele não pode parar ali, por que essa criança por melhor que seja ensinada vai se tornar um adolescente e vão passar por um período de contestação das regras”, comenta Biavati. O especialista explica que já passou da hora dos responsáveis pela educação no trânsito conversarem com a área de saúde. Os profissionais de saúde tem um olhar mais amplo por que eles vão mostrar, por exemplo, que esses hábitos de saúde (padrão alimentar e de consumo de álcool) estão relacionados ao trânsito. O investimento em educação para o trânsito não deve parar no início da adolescência, pois é nesse período que esses jovens devem desenvolver a consciência e o respeito no trânsito.
Por Talita Inaba
Portal do Trânsito