Pesquisa questiona ausência de carros elétricos em larga escala no Brasil.

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) questionou a ausência de carros elétricos em larga escala no Brasil. Com base numa análise crítica, os pesquisadores forneceram as consequências e as razões da falta de integração de veículos elétricos no setor de transporte brasileiro.

A pesquisa apresentada por Douglas Wittmann, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, na última sexta-feira (24) no 4th Workshop International ‘Advances in Cleaner Production’, alertou sobre a consequência da falta de integração de carros elétricos na frota nacional.

“O país se defasaria da vanguarda tecnológica e, por consequência, perderia a oportunidade de participação da economia brasileira em um mercado internacional que já cresce e tende a agigantar-se”, afirmou Wittmann. “Mais do que tudo, seria uma perda qualitativa. Não estou falando de perdas econômicas, estou falando de desenvolvimento da sociedade”.

A pesquisa cita que há uma previsão de que metade da frota de veículos do mundo será de carros elétricos daqui a 15 anos. Atualmente no Brasil, dos 35 milhões de veículos, somente 72 automóveis elétricos foram licenciados até 2012. No mundo, já são 4,5 milhões de carros elétricos em circulação. Deste montante, 95% são veículos elétricos híbridos, isto é, autoprodutores de energia, não necessitando de conexão à rede de recarga, afirma a pesquisa.

O uso de veículos elétricos é resultado de uma busca por alternativas menos poluentes no setor de transportes mundial. “Mais de 850 milhões de veículos queimam anualmente trilhões de litros de combustível em todo planeta, emitindo quase três bilhões de toneladas de dióxido de carbono”, afirma a pesquisa.

Os veículos elétricos têm se apresentado como uma alternativa mais silenciosa e consomem menos que os veículos movidos  a combustíveis, fóssil e etanol.

Um dos maiores entraves para a entrada dos veículos elétricos no país é a recarga. “Não tem carros elétricos na rua porque não tem como abastecer”, disse Wittmann.

Outro ponto é que os veículos são mais caros que aqueles movidos a combustível. “A alta taxa tributária está invibializando”, explicou o pesquisador.

O alto custo do carro elétrico é explicado também pela depreciação do veículo. A vida útil de um carro elétrico híbrido varia entre 8 a 10 anos, segundo Wittmann.

Para o consumidor, o carro elétrico pode ser vantajoso apenas a partir de uma determinada quilometragem diária, “entre 80 a 100 quilômetros por dia”, explica.

Outro ponto que estaria impedindo a entrada de veículos elétricos no Brasil encontra-se no cenário político. “O governo tem se abstido, mantendo barreira à integração devido à concentração dos esforços no etanol e nos motores bicombustíveis”, concluem os pesquisadores.

A pesquisa na íntegra pode ser acessada no site do congresso.


Por Ticiane Rossi - The Epoch Times