Videomonitoramento urbano amplia atuação dos agentes de trânsito
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Aliar tecnologia e segurança é uma receita adotada em vários âmbitos com benefícios para toda a sociedade. A partir desta premissa e regulamentado pela resolução 532/2015 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o videomonitoramento urbano compõe um novo pilar na fiscalização das infrações de trânsito. Somada à presença de agentes e aos registros eletrônicos de radares, a ferramenta deve ajudar na construção de um cenário mais seguro e humano de mobilidade.
Em João Pessoa (PB), o monitoramento por vídeo faz parte da rotina do trânsito da cidade desde 1º de fevereiro e já apresenta resultados expressivos. “Nos primeiros 17 dias de monitoramento foram computadas 460 infrações, mesmo com a sinalização nos locais monitorados e campanha educativa na mídia. Agora os motoristas estão começando a pensar duas vezes antes de cometer uma infração, pois as penalidades pesam no bolso”, relata o diretor de operações da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob/PB), Maximiano Machado.
O órgão é responsável pela operação das câmeras de longo alcance, instaladas em 40 pontos e acompanhadas, em tempo real, por agentes de mobilidade urbana na Central de Tráfego por Área (CT). Do local a equipe registra as infrações como as previstas pelo artigo 181 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “Atualmente, três infrações são campeãs: estacionar sobre a calçada, em local não permitido e em fila dupla. Porém, também são verificadas outras irregularidades previstas em outros artigos, como ocupar vagas especiais sem credencial e fazer uso do celular enquanto dirige”, esclarece Machado.
Para ele, a grande vantagem de combinar tecnologia e segurança é a possibilidade de monitorar com mais precisão o teor da infração, com acesso, por exemplo, ao tempo em que o veículo permaneceu estacionado em local inapropriado. A expectativa é que a médio e longo prazos as pessoas compreendam a gravidade das irregularidades registradas – e com o tempo, de outras – também sensibilizadas por campanhas educativas. “Essa mudança de hábito facilitará, citando apenas uma situação, a vida de cadeirantes, que muitas vezes têm que desviar do caminho seguro e arriscar-se ao andar na via por obstrução da passagem”, lembra o diretor.
Callao: Referência na integração entre educação, engenharia e fiscalização de trânsito
Outra cidade que aposta na tecnologia do videomonitoramento é Callao, no Peru, localizada na região metropolitana de Lima. “Embora a Década Mundial pela Segurança no Trânsito tenha sido proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 2010, a cidade peruana incorpora alguns dos conceitos que sustentam o documento desde 2007”, afirma o diretor da Perkons e especialista em trânsito, Luiz Gustavo Campos. Um dos pilares que expressa essa preocupação em conter o aumento dos acidentes de trânsito é investir em ações que priorizem o pedestre e em sistemas de fiscalização.
Na cidade, são 61 câmeras de videomonitoramento, operadas por grupos que vão de cinco a dez policiais. Em 2014, a infração mais recorrente com cerca de 50 mil casos registrados, foi circular, estacionar ou permanecer em locais como jardins, acostamento, canteiro central, faixas que dividem pistas e rampas de acesso para deficientes. Já em 2015, até o mês de setembro foram 31 mil casos de veículos estacionados em locais prejudiciais ao serviço de transporte público, com interferência na segurança e visibilidade da sinalização. “O que podemos perceber é um amadurecimento da população em relação ao que evidencia essa tecnologia, com mais respeito às leis e aos demais usuários do trânsito”, comemora Vinicius Braga Teixeira, gerente do Consorcio Tránsito Ciudadano, em Callao.
Compreensão por parte do condutor é peça chave para eficiência do monitoramento
Ao passo que dá mais suporte aos agentes de trânsito para o processo de autuação, o videomonitoramento lança luz sobre o comportamento do condutor, eixo central para mudança. Conforme o especialista em Educação para o Trânsito e Diretor do Portal do Trânsito, Celso Mariano, a sensação de ser monitorado, por si só, pode provocar mudanças de atitude.
Na visão do especialista, a integração – e a gradativa substituição – do agente por equipamentos, já era esperada frente à evolução tecnológica emergente. Em contrapartida, ainda que as pessoas tenham se habituado à vigilância, pouco associam o olho da câmera ao dos agentes de autoridade. “Se aceitarmos esse monitoramento como necessário para aumentar a segurança no trânsito, a tendência é que a medida se popularize e os maus hábitos diminuam”, conclui.
Com informações da Assessoria de Imprensa
Beatriz Souza-Assessoria de Imprensa
Por Mariana Czerwonka.